quarta-feira, 14 de abril de 2021

De casa nova


Olá internauta, bom ter você de volta ao Beijing Olímpica.

Veja só, já são quase 14 anos da minha vida profissional passando notícias olímpicas pela internet. Desde 2007, criei 11 blogs versando sobre o tema. Foram diversas coberturas jornalísticas desde o Pan do Rio’2007, passando por 3 edições olímpicas (indo para minha 4ª, agora), 4 Pans, 3 Jogos Sul-americanos, além de Jogos Olímpicos de Inverno, da Juventude, Universiades e nem sei mais quantos Mundiais de esportes olímpicos... Só aqui, no Beijing Olímpica, foram mais de 7 anos (de 2007 a 2015) com mais de 800 posts publicados. Caminhada bem longa!

Bom é que fiz amigos, enfrentei desafios estimulantes e aprendi bastante. Ahh, e ainda aprendo, conhecendo gente nova, felizmente. Os desafios não param. E tudo isso só ajuda a crescer meu amor pelo mundo esportivo dos cinco aros.

Agora, hora de um novo passo neste infinito ciberespaço. Juntei todo o conteúdo escrito neste tempo nos websites e inaugurei um único ponto de encontro: o PulsarEsporte. Lá estou organizando tudo que já escrevi. Sem parar, claro, de produzir muita coisa nova. Mesmo com essa Pandemia, que veio pra mudar nosso mundo contemporâneo, o olimpismo está mais vivo que nunca!

Meus 11 antigos websites estão praticamente vazios, já que recolhi todos os textos/fotos/gráficos, deixando apenas a ‘roupa’ original com esta mensagem que traz um sincero convite: venha conhecer o PulsarEsporte. Adorarei te receber na casa nova. Então, puxe uma cadeira, clique no link abaixo e boa leitura. A casa é nossa!

Everton Domingues
Repórter e redator ‘persistente’
tatolimpico@pulsaresporte.com.br





quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Faça a sua escolha...

2009 está para começar. Momento próprio para reflexões, né? O que fizemos de errado e pode ser corrigido no ano novo? Projetos engavetados que mereceriam perder a poeira. Perdões não consumados. Promessas... promessas... tantas promessas que fazemos a nós mesmos já sabendo que em grande parte não teremos perseverança suficiente para concluir. Mas tudo bem, depois vem o reveillon de 2010 pra gente prometer tudo de novo. Só não sejamos tão injustos, oras. Afinal, uma fase dessas, mesmo simbólica, pode realmente servir para renovar muita coisa. Especialmente dentro da gente. A mudança começa no olhar que miramos as coisas. Em tudo, eu disse TUDO, sempre poderá haver pelo menos duas formas de ‘tradução’ na prática. E normalmente versões antagônicas. Reforçando o padrão: o lado bom e o lado mal de cada história. Positivo ou negativo. Otimista ou pessimista. Basta a gente escolher como queremos enxergar aquele contexto. Filosófico demais? Não, real...

Hoje vou contar uma história verídica de um pai e seu filho que ilustra bem como uma tragédia pode se transformar numa linda conquista. Sem filosofia, mas com muita pratica. Estou falando de Dick e Rick Hoyt (foto ao lado), dois homens comuns de classe média da pequenina Winchester, no Estado norte-americano da Virginia. Rick quase morreu no parto. Foi estrangulado pelo próprio cordão umbilical, acidente que deixou sérias sequelas para o resto de sua vida. A lesão cerebral o impediria a ter uma vida normal. Dick, um militar e esportista nato, tinha agora um ‘vegetal’ pra cuidar e não o filho saudável que tanto sonhou. Os pais se mexeram ao longo dos primeiros anos tentando encontrar uma saída que não fosse deixar Rick numa instituição própria para deficientes, conselho dado pelos próprios médicos. Ele não falava, não andava sozinho, não se alimentava sem ajuda, mal podia mover seus braços. Parecia faltar tudo na vida de Rick. Mas o principal ele teve na conta certa. O amor incondicional de seu pai. Anos mais tarde, separado da mulher, com o filho sozinho para cuidar, reformado do exército e aos 58 anos de idade, Dick começou a observar algo diferente no filho. Na frente da TV onde ele passava horas, Rick demostrava um comportamento curioso quando via algo em especial na telinha. As provas de triatlon causavam um entusiasmo no jovem. O pai reparava que seus olhos ficavam vidrados no monitor nessa hora, os braços sem coordenação alguma se movimentavam e ele emitia alguns ruidos entusiasmados. Dick sentia que seu filho ‘participava’ de cada prova que assistia pela TV. Foi ai que ele tomou a decisão em tornar real esse anseio do filho. O amor traduziu a vontade de Rick e fortaleceu o pai a concretiza-la.

Dick recomeçou a treinar, criou uma cadeira de rodas própria para corrida, uma bicicleta com a garupa certa para Rick e até um bote com uma corda amarrada ao seu corpo. Ele estava pronto para nadar, pedalar e correr junto com Rick. Foram alguns anos de exaustivas 212 provas de triatlon ao redor dos Estados Unidos. Quatro delas em distâncias para poucos. O percurso ironman tem esse nome não por acaso. Um atleta tem de ser de ‘ferro’ para cumprir quase 5km de natação, 180km de ciclismo e finalmente 42km de corrida. A epopéia dos Hoyt envolveu também outras aventuras como escalada montanhas, provas de esqui e até uma travessia de ponta a ponta pelos Estados Unidos numa bicicleta adaptada. Sempre em dupla. Na temporada de 2006, Dick aos 65 e Rick com 43 anos de idade completaram a Maratona de Boston na posição de número 5.083 entre mais de 20 mil participantes. De todas as maratonas de que participaram, quer saber o melhor tempo da parceria? Duas horas e 40 minutos em 1992, apenas 35 minutos atrás do recorde mundial na época. E eu lembro: marca estabelecida por um jovem homem altamente preparado que corria sozinho, sem precisar empurrar ninguém numa cadeira de rodas durante o percurso.

Essa história de amor e perseverança atravessou o globo e o Youtube pussui inúmeros vídeos sobre a familia Hoyt. Eu selecionei aqui dois deles. O primeiro é um clip de imagens justamente no Ironman do Hawaii, mais famoso do calendário internacional, onde o competidor que não alcance um tempo minimo em cada passagem é retirado da prova. Uma competição para poucos, como eu disse. Mas os organizadores abriram uma especial excessão para a equipe Hoyt poder chegar ao fim já a noite, depois de um dia todo em movimento. O outro vídeo é uma matéria de emissora norte-americana contando um pouco dessa tragetória vitoriosa.

Pois bem, amor de pai que trouxe alegria e oportunidades para o filho amado. Mas essa vida, surpreendentemente, muitas vezes apresenta caminhos de duas vias. Há dois anos, Dick teve um leve ataque cardíaco durante uma prova. Os médicos descobriram que uma de suas artérias estava quase que totalmente entupida. Eles garantiram que se Dick não tivesse voltado a se dedicar ao esporte, provavelmente já teria morrido anos antes. É incrível, mas tanto pai quanto filho salvaram a vida um do outro.

Gostaria muito que essa história pudesse inspirar você, como fez comigo. E que nesse ano, que apenas se inicia, você possa processar suas verdadeiras e necessarias mudanças. Ai dentro de ti. Lembrando sempre que existem, ao menos, duas formas de se encarar cada coisa na vida. Faça como Dick e opte pela melhor dentre todas.
E feliz escolha... feliz 2009!


Rick, depois de formado, trabalha hoje com informática e mora em seu próprio apartamento na cidade de Boston, recebendo apoio médico constante. Dick vive em Massachussets. Eles sempre arrumam um jeito de se encontrar e correrem juntos. Quem duvida que ambos são realmente felizes?